segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Audiência Pública - políticas públicas e estatuto da pessoa com deficiência do Estado do Paraná

Aconteceu hoje (28/11) a primeira Audiência Pública para apresentação e discussão da versão preliminar do Anteprojeto de Lei que estabelece a Política Pública e o Estatuto da Pessoa com Deficiência do Estado do Paraná.

Estiveram reunidos durante todo o dia, em tempo integral, diversas autoridades públicas que compõem o governo estadual; Deputados Federais; Deputados Estaduais; diversos membros do Ministério Público e do Poder Judiciário; representantes de inúmeras Associações e entidades representantes de pessoas com Deficiência; membros do Conselho Estadual da Pessoa com Deficiência; e muitas pessoas com deficiência.

Na Audiência pudemos apresentar e discutir os princípios, objetivos, diretrizes e estrutura daquilo que pretende ser a política pública de promoção e defesa das pessoas com deficiência do Estado do Paraná. Isso porque se é um consenso que as pessoas com deficiência devem ter seus direitos assegurados e efetivados (direito de ir e vir com livre locomoção e sem barreiras arquitetônicas; direito à saúde e assistência; educação, etc.) é certo que esses direitos só podem ser detalhados, ter seu conteúdo e efetividade estabelecidos, através de uma ampla e democrática discussão com a sociedade, mas principalmente uma ampla e democrática discussão com aqueles que serão afetados diretamente por essas políticas, pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência - as próprias pessoas com deficiência. Porque dizer que esses direitos já estão previstos em documentos e protocolos internacionais (como a Convenção Internacional sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência), na Constituição da República de 1988 ou em leis e decretos espalhados pelo País e pelo PR é apenas o primeiro passo. O texto não muda a realidade. Mas, a participação da população, e da população diretamente interessada e afetada pelo que se decide sobre ela, muda e concretiza aquilo que até então era apenas texto.

O Estatuto estará disponível para consulta pública pela internet e também para o envio de críticas e sugestões de 30/11 a 14/12.

Está aí mais um passo para a abertura democrática das discussões e decisões políticas. Afinal, democracia deliberativa é também isso. Ou, como dizem as pessoas com deficiência "Nada sobre nós sem nós".


sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A política por todos os lados

Depois da Mesa Redonda extremamente produtiva com o Prof. Virgílio Afonso da Silva (USP), retomo um debate que tivemos há algumas semanas com o Prof. José Rodrigo Rodriguez, a partir de um artigo publicado por ele (José Rodrigo Rodriguez) com o Prof. Marcos Nobre, no Valor Econômico.

Destaco um trecho do artigo que se vincula tanto com as discussões que tivemos com o Prof. José Rodrigo Rodriguez quanto com os debates tidos com o Prof. Virgílio:

 "...o resultado final costuma ser claro: as cortes são capazes de decidir os problemas que examinam. No entanto, a argumentação que fundamenta as decisões costuma ser ou altamente confusa ou meramente telegráfica. É comum encontrar decisões colegiadas praticamente ser argumentação ou com tantos fundamentos quanto os juízes que atuam nelas. Afinal, a corte não se reúne para redigir um voto vencedor com começo, meio e fim. Decide por mera maioria de votos..."


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A política por todos os lados
Por Marcos Nobre e José Rodrigo Rodriguez | Para o Valor, de São Paulo

Dias depois da decisão do STF que reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo, militantes de movimentos de defesa dos direitos de homossexuais realizaram um abraço simbólico no prédio do tribunal em apoio à medida. Nessa manifestação, a senadora Marinor Brito (PSOL-PA) deu a seguinte declaração: "O movimento dá uma resposta muito positiva e um reconhecimento do papel que o Supremo cumpre neste momento e já que o Congresso Nacional não se manifestou até hoje. Não queremos a judicialização da política. Queremos que o Congresso assuma o seu papel de protagonista na alteração e na construção das leis".

Comentando a mesma decisão, o advogado Ives Gandra Martins, localizado em posição oposta à da senadora do PSOL no espectro político, disse o seguinte: "Sempre fui contra o ativismo judiciário. O que a Constituição escreveu é o que tem de prevalecer. É evidente que não estou de acordo com os fundamentos da decisão. Entendo que o STF não pode se transformar num constituinte".

Em ambos os casos, seja para apoiar ou para criticar a decisão, seja à esquerda ou à direita, seja utilizando a ideia de "judicialização da política", seja a de "ativismo judicial", o raciocínio subjacente é o mesmo: um Poder (o Judiciário) está invadindo indevidamente o domínio de outro Poder (o Legislativo). O que mostra, de saída, que essas duas ideias são, na verdade, complementares. Seria como que um mesmo processo, visto ora da perspectiva da política "invadida" pela lógica judicial, ora da perspectiva do próprio "invasor".

"Quando tudo é 'política', torna-se impossível diferenciar a atividade de um juiz da atividade de um deputado ou de um ministro"

Mas, apesar de apontarem essencialmente para o mesmo fenômeno, a expressão "judicialização da política" é a mais comum. Está por toda parte e tem múltiplas utilidades no debate público, sendo todas elas sempre de censura e de condenação. Serve para criticar o Poder Legislativo, que não estaria "fazendo a sua parte". Serve para criticar o Poder Judiciário, que estaria invadindo a competência do Poder Legislativo sem ter legitimidade para isso (já que juízes não são "eleitos", diz ainda o raciocínio). Serve também para denunciar uma situação de despolitização geral da sociedade, capitaneada pelo "inchaço" do Executivo, o que obrigaria cidadãs e cidadãos a recorrer ao Judiciário como ato recurso de última instância de proteção política. Em todos esses diferentes raciocínios, o pressuposto é o de que as instituições não estariam funcionando "normalmente", não estariam funcionando "como deveriam".

Esses diferentes usos de "judicialização da política" pressupõem que a atuação do Judiciário seria um sintoma de que a democracia não está em seu "funcionamento normal". No fundo, é raciocínio que tem por base três teses implícitas de como "deve funcionar" uma democracia.

Primeira: os Poderes são três e devem ter fronteiras claras e rígidas entre eles, estabelecidas de antemão. Segunda: o Legislativo deve ser o centro de toda a produção normativa. Terceira: que a única forma de representação política legítima é a do mandato eletivo, seja no Legislativo, seja no Executivo. Nessa sequência de teses, fica claro também que o papel do Judiciário nesse esquema deve ser apenas o de "aplicar a lei", no sentido de que a "lei" seria sempre clara, cabendo aos tribunais unicamente o papel de serem porta-vozes do legislador e às juízas e juízes o papel de "boca da lei".

E, no entanto, a mera enunciação dessas teses implícitas é suficiente para mostrar seu total descolamento da realidade. Há muito a representação política deixou de ter um padrão único. Estão aí diferentes formas de representação que não seguem o padrão da eleição para o Legislativo e são aceitas como legítimas. Há conselhos de diversos tipos, há agências reguladoras, conferências nacionais. Isso também mostra que há já algum tempo o Legislativo deixou de deter de fato o monopólio da produção normativa - se é que alguma vez o teve realmente.

Em relação ao Judiciário, o pressuposto é ainda mais problemático. A visão da atividade judicial como uma simples dedução de uma lei que não poderia ser interpretada de outra maneira se choca com o fato elementar de que toda nova sentença é, na verdade, criadora de normas. É uma criação de normas segundo regras, segundo princípios interpretativos disponíveis, com certeza. Uma criação de normas regulada pelo código específico do direito, que, em última instância, deriva sua lógica e sua legitimidade da Constituição. Mas não deixa por isso de representar a criação de novas normas.

O mero reconhecimento dessa realidade de fato mostra que toda pretensão de fixar de antemão as fronteiras e limites de cada um dos Poderes (mesmo que eles sejam apenas três) leva a uma posição que não consegue entender o que está se passando. Mas há ainda uma consequência mais grave: trata-se de uma das maneiras mais eficazes de impedir a mudança social. Trata-se de um verdadeiro bloqueio ao livre exercício da imaginação institucional pela sociedade. E, em última instância, leva a uma posição conservadora, que costuma falar sempre em nome do direito posto e não do direito que está por vir.

Afinal, quando ouvimos acusações generalizadas ao Poder Judiciário por "se meter onde não foi chamado" e "avançar sobre uma agenda que deveria ser do Parlamento", não estaríamos assumindo uma posição conservadora? Não estaríamos nos colocando na posição daqueles que querem impedir por decreto a mudança institucional para congelar o desenho de nossas instituições? E isso vale igualmente para o oposto complementar da "judicialização da política", o chamado "ativismo judicial".

Com esses questionamentos, também não queremos dizer que tudo estaria "funcionando muito bem", à maneira do cientista que apenas "observa e explica" fenômenos sociais e políticos. É claro que a atuação do Poder Judiciário na maioria dos casos não vem acompanhada da devida justificação diante da esfera pública. Quem já teve a oportunidade de ler o resultado de um julgamento do STF pôde perceber como esse documento é tão confuso e complexo que muitas vezes torna impossível identificar com clareza as razões da decisão.

Mas, seja como for, o resultado final costuma ser claro: as cortes são capazes de decidir os problemas que examinam. No entanto, a argumentação que fundamenta as decisões costuma ser ou altamente confusa ou meramente telegráfica. É comum encontrar decisões colegiadas praticamente ser argumentação ou com tantos fundamentos quanto os juízes que atuam nelas. Afinal, a corte não se reúne para redigir um voto vencedor com começo, meio e fim. Decide por mera maioria de votos.

Por isso mesmo, a decisão final costuma ganhar as feições de um labirinto mitológico do qual ninguém consegue sair com destreza, nem os juristas de profissão. Os votos dos ministros se sucedem de maneira confusa, entremeados pela transcrição dos debates e pedidos de vista, sem que haja um apanhado final em que os argumentos que sustentam o resultado sejam organizados e hierarquizados. É suficiente baixar do site do STF a decisão de qualquer caso importante para ver como isso se dá.

No entanto, nada disso justifica submeter o Judiciário ou qualquer um dos Poderes a amarras predeterminadas, pensadas para bloquear a mudança social. Podemos lutar para que os Poderes justifiquem suas razões de agir, para que fundamentem melhor suas decisões. Mas essa luta pela justificação não deve ser confundida com a defesa de um padrão naturalizado de separação de Poderes, por exemplo.

Essa confusão entre, de um lado, um padrão predeterminado e abstrato e, de outro lado, um funcionamento concreto do Judiciário de difícil compreensão tem sido usada sub-repticiamente para criticar e tentar congelar movimentos de mudança que vêm desse poder. Utiliza uma barreira normativa imaginária, criada por teorias fixadas no século XIX, para bloquear arranjos institucionais em formação, próprios de uma democracia ainda muito recente e cheia de brechas e de possibilidades de intervenção, como é o caso da democracia brasileira.

As decisões dos organismos de poder, a maneira pela qual as instituições funcionam, têm consequências claras sobre a distribuição de poder entre os cidadãos e outros entes sociais. Quando, por exemplo, o Judiciário começou a exigir que determinados procedimentos médicos fossem praticados pelos planos de saúde e certas drogas fossem adquiridas pela administração pública, o poder privado e o poder público foram questionados.

De um lado, o Judiciário afirmou que os planos de saúde não eram livres para formar seus preços sem levar em conta determinadas doenças e, de outro, que a administração não poderia criar unilateralmente uma lista de drogas a ser adquiridas e distribuídas para a sociedade. Nesses dois casos, ao modificar os termos contratuais e tocar na forma de agir do poder público, o Judiciário mudou a balança de poder entre os entes sociais e estatais envolvidos e forçou a criação de outros procedimentos e regras para a sua ação e interação mútua.

Há quem afirme que o Judiciário não deveria se intrometer na liberdade de contratar e nas atribuições da administração pública, por princípio e por definição. Há quem afirme até que, ao fazer isso, esse poder põe em risco o funcionamento da economia e da democracia. Preferimos ver esse suposto "mau comportamento" dos juízes como sinal de mudança institucional, como uma oportunidade de redefinir as fronteiras entre os Poderes e exercitar a imaginação institucional para aperfeiçoar a democracia e tornar a economia menos selvagem.

Como se vê nesses exemplos, em um Estado Democrático de Direito é na esfera política - e não diretamente na "tradição" ou no âmbito do mercado - que se definem, em última instância, as feições das diversas posições de poder, o desenho das instituições. E a política, como se percebe, está por toda parte, não apenas no Parlamento. Pois se há uma "política" sendo praticada nos partidos e no Parlamento, há também uma "política" ocorrendo no Poder Judiciário, no Poder Executivo, nos conselhos, agências reguladoras e outros mecanismos deliberativos.

Como diferenciar essas diversas formas de "política" para que toda a dinâmica institucional não se confunda com o mero jogo de interesses? Pois quando tudo se torna "política" nada mais o é. Quando tudo é "política", torna-se impossível diferenciar a atividade de um juiz da atividade de um deputado ou de um ministro e passamos a cobrar deles posturas e padrões de ação que não correspondem à sua posição no concerto dos Poderes.

Para evitar esse desfecho, é necessário levar em consideração, no caso do Judiciário, aquilo que lhe é específico, aquilo que estrutura o que é a "política" nesse âmbito institucional específico: o "código do direito". Sem se esquecer de que o próprio significado do que é considerado mais amplamente como "direito" é mutável no tempo e abrange muito mais do que a simples institucionalização realizada pelo Poder Judiciário. E é exatamente isso que não está sendo levado em conta por quem utiliza expressões como "judicialização da política" ou "ativismo judicial".

Nesse contexto em que os diversos âmbitos da política são pensados em suas especificidades, é preciso, por exemplo, revisitar a própria ideia de separação de Poderes e repensar seus termos. Os Poderes precisam mesmo ser três? Sua relação entre si precisa ser aquela fixada pela teoria jurídica dominante no século XIX? Ou será possível retomar em novos sentidos a ideia original de Montesquieu, que não fala em três poderes, mas na ideia de frios e contrapesos?

Nessa ordem de razões, o que não se admite é que haja um poder que decida unilateralmente, ou seja, cujas decisões não passem por uma instância revisora. Não há espaço para decisões sem justificativa, tomadas por mero capricho ou pela simples força das circunstâncias. Mas há espaço para mais "poderes", para outras maneiras de desenhar o Estado de Direito e, portanto, de distribuir o poder entre os diversos entes sociais.

Há sempre uma parcela de desigualdade, de sofrimento humano que fica fora do desenho institucional e procura forçar sua entrada por intermédio dos canais institucionais, pela desobediência civil ou mesmo por meios violentos. E quanto mais cristalizadas forem as instituições, quanto menos elas forem capazes de ouvir o sofrimento social, maior a possibilidade de que a violência tome conta da sociedade com o fim de romper o tecido institucional.

Um pensamento institucional crítica e radicalmente democrático precisa assumir esses dois pontos de vista ao mesmo tempo. Precisa ver as instituições por dentro, a partir da sua racionalidade atual, e precisa olhar para elas de fora para descobrir seus limites e refletir sobre novas possibilidades, novos desenhos institucionais capazes de dar conta do que hoje está excluído.

Nem sempre o desfecho dessa dinâmica será pacífico, como a história tem demonstrado. Por exemplo, foi preciso correr muito sangue nas ruas para que os diversos mecanismos de proteção social fossem criados e novos desenhos institucionais promovessem a mudança do estado mínimo para um estado social. E isso envolveu mudanças decisivas na própria concepção do código do direito, das suas formas institucionais, da definição social do que seja o "jurídico".

Seja como for, nesse campo, o da imaginação institucional, está sendo decidido o destino de nossa democracia. O pior que se pode fazer para bloquear a discussão ampla e aberta desse destino é pretender impor de antemão que configurações as instituições devem ter. Ideias como "judicialização da política" ou "ativismo judicial" apenas bloqueiam a compreensão do momento presente e paralisam as discussões democráticas que temos de encarar.
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José Rodrigo Rodriguez é pesquisador do Cebrap e editor da Revista Direito GV.

Marcos Nobre é professor do Departamento de Filosofia da Unicamp e pesquisador do Cebrap

Versão condensada de "A Judicialização da Política: Déficits Explicativos e Bloqueios Normativistas", texto apresentado na 35ª Anpocs, Caxambu (MG), no fórum Dilemas da Modernidade Periférica, e que aparecerá na revista "Novos Estudos Cebrap", número 91

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Evento do Núcleo de Constitucionalismo e Democracia do PPGD/UFPR

O Núcleo de Constitucionalismo e Democracia recebe o professor Virgilio Afonso da Silva da Fac de Direito da USP no dia 23/11, quarta-feira, às 11 horas. Os debate será em torno de dois papers: 1. O STF e o controle de constitucionalidade: deliberação, diálogo e razão pública e 2. Comparing the incommensurable: constitutional principles, balancing and rational decision.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Nota sobre direito ao protesto

Boa nota de Érika Fontánez Torres (Professora da Univ. de Porto Rico) sobre Protesto e Pressão Indevida. O tema do direito ao protesto com certeza deverá ser tratado mais a fundo por aqui. Por enquanto ficamos com a nota da Prof. Érika (que é uma pessoa da qual seguramente voltaremos a falar por aqui tb - além de professora e pesquisadora seríssima tem também atuações em prol de sua comunidade incríveis).

http://derechoalderecho.org/2011/11/15/a-proposito-de-la-protesta-y-la-presion-indebida/

A propósito de la protesta y la “presión indebida”.

Que hay lugares donde resulta incómoda la protesta, por supuesto. Que hay lugares más propicios que otros, de acuerdo. Que en la protesta se enfrentan dos derechos entre los cuales precisa que se haga una adecuación, sin duda. Pero la protesta no se puede despachar con la amenaza de que a quien protesta se le tirará encima “todo el peso de la ley” o con la idea de que hay que suprimirla porque es “una presión indebida”. Un buen gobernante, un buen administrador, quien se preocupe por quienes protestan, va a la raíz de la protesta, a sus razones, a entender lo que la motiva, escucha. Porque los ciudadanos no protestan porque sí, siempre hay razones y ahí una tendría que hacer un esfuerzo por llegar a las razones que mueven a un grupo de ciudadanos a presionar, sí, a presionar, porque de eso precisamente se trata la protesta. Se presiona porque quien lo hace no ha sido escuchado, por lo general no tiene medios para hacerse escuchar.
Habría que escuchar los méritos de la protesta antes de descartarla; habría que propiciar una gestión conciliadora. Siempre va a haber intereses en conflicto, pero eso no nos dice nada, ni nos lleva a ninguna parte que no sea a la arbitrariedad, si no aquilatamos los méritos de esos intereses. La pregunta que interesa al Derecho es qué derechos queremos proteger y porqué. Quienes protestan no hacen solo performance, también buscan acceso.
Eso.
Interessante entrevista com Roberto Gargarella sobre o debate Presidencialismo X Parlamentarismo, desde a perspectiva política argentina. Um bom contraponto aos elogios propagados por outros intelectuais como E. Laclau.

http://www.lapoliticaonline.com/noticias/val/78040-6/“el-lugar-de-la-batalla-politica-hoy-es-el-campo-sindical.html


Por Federico Sierra Fotos: Guido Piotrkowski  |  13.11.2011 14:46:00
“El lugar de la batalla política hoy es el campo sindical”
El constitucionalista Roberto Gargarella
“Si usted tuviera la posibilidad de sugerir, para los próximos años, la modificación de algún aspecto particular de la Constitución, ¿qué cambio sugeriría y por qué?” anticipa la solapa de “Constitución 2020: 48 propuestas para una sociedad igualitaria”, el ultimo libro coordinado por Roberta Gargarella. Ante el aplastante triunfo de Cristina Kirchner, se volvió a insinuar, debatir y desmentir la posibilidad de una reforma que habilite un tercer mandato de la Presidenta.
Gargarella es investigador del Conicet, dirige la revista jurídica de la Universidad di Tella y escribió una veintena de libros. Fue discípulo del jurista Carlos Nino, emblema del Consejo para la Consolidación de la Democracia durante el gobierno de Raúl Alfonsín. “Investigando o tomando café con Nino aprendí mucho mas que en cualquier clase de la Universidad, sin dudas. Tenia una consistencia muy fuerte entre su concepción deliberativa de la democracia y su practica: él vivía como pensaba”, recuerda. 

En su libro, Gargarella además de bucear en las contradicciones internas de la Constitución Argentina, producto de la superposición de distintas tradiciones y concepciones que dieron forma a al texto actual, aborda los problemas y las implicancias del hiperpresidencialismo argentino y su dinámica: “un tema que hemos trabajado hasta el hartazgo y es casi una obsesión y una marca dentro de nuestro grupo”.

¿Cree que la voracidad del hiperpresidencialismo se han acentuado durante los gobiernos kirchneristas?
Sí, se han radicalizado algunos de esos rasgos. Pero es una dinámica esperable. Yo no tengo mayores simpatías por James Madison o Juan Bautista Alberdi, pero toda la teoría de frenos y contrapesos lo advierte reiteradas veces: no darle más poder a una rama que a las otras porque se comerá a las demás, se trata de logra un balanceo constante. Y lo que Alberdi no vio es que en Argentina desde el momento primero se decidió que el presidente predomine, el sistema nace desbalanceado y termina generando una dinámica en la que se come a los demás. Esa dinámica está desatada y este gobierno la exacerbó, y eso es algo muy difícil de parar, porque depende en gran parte de quien esta beneficiándose con eso. 

Incluso hay quienes argumentan por ello: como las críticas de Ernesto Laclau al Poder Legislativo como espacio casi prescindible o donde se generan lógicas antidemocráticas.
(sonríe) Bueno… Laclau, hoy por hoy, no es un tipo con el cual discutir. Tiene tal nivel de ceguera y fanatismo que mejor dejar pasar las cosas que dice y debatir con él cuando pase la ola. El tipo llega de vivir treinta años en Londres y hace un diagnóstico que yo prefiero pasar por alto en este momento. Mejor no opinar al respecto.

¿No cree que el debate por sistema de gobierno de gobierno está sesgado en la antinomia parlamentarismo-presidencialismo y se están descartando opciones intermedias?
El asunto primordial es que hay cada vez menos capacidad de control y poder en manos del pueblo. Ha sido expropiado. Hay otros mecanismos: puede salir a las calles, marchar, o tomar tierras, pero ¿cuáles son los canales institucionales que posee? El único que quedó es el voto. Los ciudadanos quedaron desnudos frente al poder con un voto en la mano. Y en ese punto, si la brecha en términos institucionales entre la dirigencia y los ciudadanos es tan enorme, entonces en algún punto es lo mismo el régimen que rija. Si los ciudadanos siguen expropiados de poder, entonces que hagan lo que quieran, un parlamentarismo o un presidencialismo, y que se distribuyan las bancas como prefieran. En la medida en que el poder no baje al pueblo, a los ciudadanos con canales institucionales, lo otro es cambiar el vestido. Si democracia política implica dispersión del poder y lo que este gobierno ha hecho es radicalizar la concentración de poder, eso es exactamente la antitesis de la democracia que yo defiendo. ¿La oposición ofrece cosas mejores? A veces sí y a veces no, pero está muy clara la distinción cuando uno mira el proceso de acumulación y concentración de poder de los gobiernos kirchneristas. Ahora bien. si bien el presidencialismo es parte central del problema no crean que el parlamentarismo sea la solución a ello.

El kirchnerismo como máquina de poder
¿Usted podría estar de acuerdo con una reforma constitucional que permita la reelección de Cristina?
No. La marca de identidad de la Argentina es desigualdad económica y concentración política, una marca que este gobierno refuerza. Esa es la configuración actual del poder tal como la veo, la disyuntiva es someterse a esa coyuntura o tratar de desafiarla.

Pero ninguna reforma constitucional ocurre en abstracto ni en términos ideales por fuera de la coyuntura política.
Sí, pero no por eso se debe quedar arrodillado a la coyuntura de poder. El partido en el gobierno, con el enorme poder que tiene, tuvo opciones de elegir con quién aliarse y con quién no. Aún así eligió darle el respaldo en Río Negro a un tipo de los más siniestros que tuvo el país como jefe de inteligencia (por Carlos Soria).

Después sus intelectuales empiezan a clamar : “oh, es que hay que hacer alianzas”, “oh, es la coyuntura, la política es compleja”. Eso es una bobada, siempre hay márgenes de acción y el kirchnerismo se sometió y eligió apoyar a Carlos Soria. Te podes aliar con Insfrán o no. ¿Te aliaste? Bueno, esos grupos en el poder generan muertes. Si no los resististe, si les diste aire, entonces sos responsable político de las muertes y la represión que ocurran en esas provincias. Es esa es la degradación que yo le advierto a los militantes kirchneristas.

¿Cree que la militancia kirchnerista tiene un perfil más celebratorio, y no les marca ciertos límites a los dirigentes con poder real?
Es simplemente aceptar lo que venga porque así lo decidieron las cúpulas. Porque si cualquiera, por perverso que sea, se convierte en adherente, entonces se le levanta el pulgar, aunque después caiga en desgracia. Lo mismo vale para el caso de Redrado, de Soria, de Menem o de Cobos.

¿Una reforma constitucional podría habilitar a cambios que todavía están pendientes para la democracia argentina?
Hoy esas son todas excusas, es cierto que hay cosas a resolver, pero son nimiedades respecto a lo que realmente interesa. Si, hay muchas cosas que son mejorables, pero no quiero que otra vez nos hagan el verso - ni a mí, ni a la izquierda, ni a la sociedad argentina-, para que en nombre de ciertos ideales el kirchnerismo haga lo que tenga ganas y luego reparta los caramelos

¿Pero a usted le parece “una nimiedad” la posibilidad de reformar el artículo 2 de sostenimiento de la iglesia católica, o al artículo 22 …
(interrumpe) Es que no me interesan los caramelos ni los señuelos que pueda repartir el kirchnerismo. Esto es una constante en las reformas constitucionales latinoamericanas: a los progresistas y las izquierdas que querían introducir reformas los dejaban en la sala de juegos de la Constitución y los grupos poderosos se quedaban manejando la sala de máquinas del aparato constitucional y acomodando el rumbo a su conveniencia. Eso es una constante.

La izquierda sindical
¿Existe un hostigamiento a los sectores de izquierda desde el oficialismo?
Si, es una marca que viene de Néstor Kirchner, cuando decía “ a la izquierda tengo la pared”. Y el lugar de esa batalla política muy violenta es el campo sindical: allí hay mucha tensión entra vieja burocracia sindical y grupos de izquierda que golpean la puerta con mucha fuerza. Kirchner fue partidario y fogonero en varios episodios de violencia contra la izquierda: en el Hospital Francés, en Kraft, en la Uocra de Santa Cruz. Hoy, la querella en la causa Mariano Ferreyra está demostrado que la policía fue a proteger el área para que se pueda ir a golpear y hacer pelota a esa gente. No creo que el gobierno explícitamente quería que se matara a alguien, de hecho Kirchner tenía muy fuerte en la memoria las muertes del 2001, pero sí quería ajusticiar y disciplinar a las patadas y palazos. Se escapó un tiró y mataron a uno. Pero no murió antes alguien en Santa Cruz en los apaleos de la Uocra de casualidad. 

¿Para el kirchnerismo sigue siendo “la zurda loca” por no saber cómo tratar con grupos de izquierda sindical? 
El trato es de absoluta hostilidad, pero el militante kirchnerista tiene que entender que el ejemplo de Soria es uno más: son capaces de pactar con cualquiera, el objetivo es ganar elecciones y retener poder. La izquierda es molesta para este gobierno, no porque el kirchnerismo tenga vocación antizurda, sino porque la izquierda te rompe la paciencia, hace ruido a este proyecto de “orden y progreso” y los líderes de izquierda sindical son un problema en ese sentido.

¿Cuál es su relación con el PO? ¿Tiene un vínculo orgánico con ese partido?
Hicimos algunos actos juntos con Jorge Altamira organizados por el Partido Obrero. Pero no es que yo sea un orgánico de ellos: primero tengo más un pensamiento que me es propio y luego veo en ellos un espacio posible. Los valoro porque han sido un espacio político que ha ayudado a poner temas en la sociedad y empujar algunas cuestiones.

¿Cree que podrán poner en debate el actual modelo sindical?
Se puede discutir sobre cuál es el mejor tipo de organización sindical, lo que esta fuera de discusión es que ésta burocracia sindical es una fuente persistente de injusticias y desigualdades. El caso de Unión Ferroviaria es un caso clarísimo de eso: se trata de lo peor del sindicalismo pactando con lo peor del empresariado con el aval de los sectores más reaccionarios del gobierno, para explotar a los tercerizado: haciendo negocio con la miseria de los más desaventajados. 

¿El debate por la libertad sindical estará obturado mientras dure el gobierno de Cristina Kirchner?
El gobierno tuvo un periodo de crecimiento económico extraordinario, sumado al control político en ambas cámaras y no dio ni un paso en ese sentido. Y me refiero también a los años de Néstor Kirchner. ¿Qué? ¿Me van a decir que lo van a hacer en un contexto de recesión? No me lo creo ni en broma. Lo mismo aplica a cuestiones como renta financiera y reforma de la estructura impositiva. Han quedado intactos en momentos de auge y ganancias económicas siderales. ¿Cambiarán eso ahora que el contexto se ve más adverso? La historia no me sugiere eso.

¿Cree que el kirchnerismo en condición de mayoría se vuelve menos reformista?
No sé para dónde podrán disparar en los próximos cuatro años, sí tenemos un predictor que son las alianzas y los frentes que se armaron para estas elecciones: Carlos Soria, Gildo Insfrán, Jorge Capitanich, Juan Manuel Urtubey. Luego todo puede pasar, lo acepto, pero ahí ya tenemos una base que es espantosa y de allí puede haber consecuencias que son esperables. Hay un punto de incógnita sin embargo, que es el poder corrido a la cúspide, un punto de autonomía presidencial muy fuerte, y eso es un margen de maniobra siempre interesante.

Prof. R.Dworkin é Doctor Honoris Causa pela UBA


Facultad de Derecho

domingo, 13 de novembro de 2011


Vale a pena conferir a 6ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul, de 14 a 20 de novembro, aqui em Curitiba, na Cinemateca. Entrada franca!!

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Limite da dignidade humana

Estreio a primeira postagem neste blog com um pequeno vídeo sobre os limites da dignidade da pessoa humana. No vídeo há um interessantíssimo debate, com pesos pesados do direito constitucional e da filosofia política contemporânea, que gira em torno de algumas questões: qual é o limite da dignidade humana? Podemos violar a dignidade de uma pessoa para salvar a vida (ou dignidade de) uma ou várias pessoas?
Ainda, gostaria de ressaltar a questão filosófica, político e moral que está subjacente: qual concepção sobre a dignidade humana adotar: a utilitarista ou kantiana (ou outras)? É evidente que não se trata de mera discussão "técnica" sobre a ponderação/sopesamento entre direitos fundamentais de duas pessoas. Ao fim e ao cabo, discute-se qual é a nossa Constituição, quais são os compromissos que nos constituem enquanto comunidade. Por isso sempre resta a questão: qual é e o que constitui a nossa Constituição caros concidadãos brasileiros? Bom vídeo.

ps: para quem se interessa sobre o debate a respeito das teorias da justiça sugiro que navegue no excelente site do Michael Sandel. www.justiceharvard.org