domingo, 29 de outubro de 2017

Ao final do III Congresso de Direito Constitucional e Filosofia Política foi lida pela professora Melina Fachin a Carta de Curitiba.

Carta de Curitiba
Sobrevivemos. O diagnóstico desses quatro dias que nos uniram aqui, na marcada Curitiba, é a constatação de que sobrevivemos.
A referência não é feita no sentido da intensidade intelectual dos quatro dias profundamente vibrantes de discussão acadêmica conformadora da tensão dialética e produtiva do direito: foram 12 painéis, com 17 professores, sendo destes 6 estrangeiros, 15 grupos de trabalho na qual mais de 300 trabalhos foram debatidos; tudo sob a bem orquestrada pela batuta dos maestros Professores Doutores Vera Karam de Chueiri, Katya Kozicki, Thomas Bustamante e Marcelo Cattoni.
Também não é feita, a referência à sobrevivência, como alusão às dificuldades das múltiplas restrições – de recursos, disponibilidades, materiais, pessoal, dentre outros – que cercam o ambiente educacional superior no Brasil. O cenário de crise vulnera diretamente a tutela dos direitos sociais e das prestações estatais e atinge o âmago da produção e pesquisa do direito que se localizam nos espaços públicos. Aqui nossa gratidão a todos e todas que foram empáticos e solidários de nosso projeto e o construíram a muitas mãos.
A sobrevivência aqui constada é da constituição – esta com c minúsculo, localizada, desidealizada e encarnada na sua radicalidade. O direito e filosofia constitucional sobrevivem, neste cenário turvo que conforma a história do presente.
A partir de diversos ângulos, marcos teóricos e abordagens, o futuro do estado de direito e sua capacidade de fazer frente aos desafios que se colocam foi colocado no centro do palco. Desafios que já não cabem mais na fronteira dos espaços, tempos, sujeitos e armaduras teóricas para os quais foram inicialmente modelados. Todos unidos nas diferenças pelo desígnio de pensar a reconstrução da democracia e de seu aspecto social ante as desigualdades e injustiças que a vulneram.
A constituição, ainda que vulnerada, persiste, sobrevive. Esta constituição que é muito mais do que a força normativa do seu texto – como lembrou o Professor de todos nós, Menelick de Carvalho Netto, justamente homenageado no Congresso – que se projeta para o futuro como luta e como promessa.
Estamos diante de disputas pelos sentidos da constituição, do Estado de direito e da democracia e temos que resistir e transgredir. Resistir à visão constitucional redutora de pluralidade, complexidade, crises e conflitos que a aprisionam em espaços, tempos e sujeitos que não a contêm. Transgredir à normatividade é insistir na promessa contida na constituição.
Resistência, transgressão, luta, crença e promessa são de modo ambivalente e ponto de chegada que nos reuniu até aqui na primavera chuvosa curitibana. Marcam também a partida com o desígnio que frutifiquem nas caminhadas coletivas e individuais, sincrônicas e diacrônicas, daqueles que saem muito diversos do que aqui chegaram.
Fique aqui o convite do porvir nas palavras da poetisa paranaense Helena Kolody:
Completou uma jornada.
Chegar é cair na inércia de um ponto final.
Na euforia da chegada, há um convite irrecusável
                                   para uma nova partida.


quarta-feira, 18 de outubro de 2017

ADI 5543 - Inconstitucionalidade da Doação de Sangue por homens homossexuais

Está pautado para amanhã (19/10/2017) o início do julgamento da ADI 5543, na qual se discute a inconstitucionalidade da Resolução da ANVISA que proíbe a doação de sangue por homens homossexuais. O Núcleo Constitucionalismo e Democracia apresentou um Memorial, na condição de Amicus Curiae, defendendo a inconstitucionalidade da Resolução. A professora da UFPR e pesquisadora do Núcleo Estefânia Barboza fará a sustentação oral dos argumentos apresentados nos Memoriais. O julgamento e a sustentação oral poderão ser acompanhados pela TV Justiça.